A leitura bíblica para hoje, do projeto mundial Reavivados por Sua Palavra, é o Salmo 5. No verso 7, lemos: “Com muita reverência em meu coração, me ajoelharei para adorá-Lo no Seu santo templo” (NBV). Esse texto, entre outros, me chamou a atenção pelo fato de que, nestes tempos pós-modernos e de relativização, a reverência é uma palavra que vem caindo no esquecimento. As pessoas vão igreja para encontrar amigos, se sentir bem, receber bênçãos, cantar (o que não é errado, em si), mas acabam se esquecendo do motivo principal: ir até lá para adorar Aquele que é o motivo de a igreja existir, Deus. Deus é nosso Pai, por isso, não é o “Cara lá de cima”. Filhos respeitosos não chamam o pai de “cara”. Por que chamar Deus desse jeito? Ele é nosso Pai e Criador, o Rei do Universo, e como tal exige-se de Seus filhos/criaturas, além do amor e da amizade, o respeito que Lhe é devido.
Se o culto serve (sobretudo e entre outras coisas) para louvá-Lo e se Ele é o centro do serviço religioso, tem que ser nos termos dEle. A música deve ser a mais adequada ao louvor e não necessariamente aquela que me agrada. Não sou eu o objeto de culto. É Deus. A pregação deve ser da maneira instituída por Ele. A Palavra deve ser exaltada, não as ideias humanas. Locais para divulgar teorias, pensamentos e conceitos humanos existem aos montes por aí. Na igreja, devemos ouvir a voz do Senhor.
E o que dizer do vestuário adequado para se aproximar do Criador? Quando ainda era estudante universitário, tive uma experiência que me ensinou uma lição importante. Certa ocasião, precisei ir até o Fórum, em Florianópolis, resolver não sei o que. Era verão e fazia bastante calor. Desavisado, fui até o local vestindo bermuda, tênis e camiseta. Não deu outra: fiquei na porta. Então pensei: “Se, para me dirigir a autoridades humanas, preciso ter e demonstrar respeito, quanto mais diante da Autoridade suprema do Universo.” Nunca me esqueci daquilo, lá, naqueles meus dias de recém-convertido.
Recentemente, li num blog de orientação católica o convite para a missa numa capela militar em Belo Horizonte. Havia até a especificação dos trajes: “A2 para militares (uniforme de cerimônia marrom); civis: paletó, terno ou camisa de mangas compridas, para homens; vestido longo ou saia abaixo dos joelhos, com ombros cobertos e sem decotes, para mulheres.” Interessante... Pensei que esses cuidados não mais existissem.
Já percebeu como as pessoas vestem suas melhores roupas para ir a um casamento ou a uma formatura, por exemplo, e nem sempre têm o mesmo cuidado com seus trajes de sábado, o dia do encontro especial com o Criador? (Se bem que, levando em conta as roupas que algumas senhoritas e senhoras têm vestido em casamentos, é melhor não dar ideia...)
Igreja não é local para ostentação de vestes caras, nem tampouco passarela para desfile de moda. Mas também não é ambiente para se expor e atrair pensamentos que não deveriam ser alimentados ali, naquele local de adoração. Aliás, o cristão cioso de sua função de embaixador do Céu procurará representar também em seu exterior o reino ao qual pertence. Alguns dizem: “O que importa é o que está no coração.” Ok. Mas o problema é que ninguém tem visão de raios x. Vemos o que está no coração das pessoas por meio das palavras que elas usam, de suas atitudes para com o próximo e, também, por meio de seu vestuário. São os “frutos” dos quais falou Jesus.
Alguns anos atrás, li uma reportagem numa revista de supermercado que também me pôs a pensar. A jornalista autora do texto se demostrava surpresa com o aumento das exportações de lingerie brasileira para países... islâmicos! Como boa repórter, ela foi apurar a informação e descobriu algo interessante. Ao perguntar para algumas mulheres muçulmanas por que estavam comprando lingeries brasileiras tipicamente mais, digamos, ousadinhas, levando em conta que essas mulheres costumam cobrir todo o corpo quando estão em público, recebeu a resposta: “Compramos esse tipo de lingerie para ser sedutoras para nossos maridos. E os outros homens não têm nada a ver com isso.”
Não se trata aqui de defender a burca nem tampouco o machismo. Longe disso! Mas penso que existe alguma sabedoria nas palavras daquelas mulheres. Sedução é algo para a intimidade do casamento, e só. Ali é lícito e bíblico que isso exista. Nas ruas, nos casamentos, nas formaturas e, sobretudo, nas igrejas, o cristianismo se manifesta de outra maneira: pela decência, pela modéstia e, igualmente, pelo bom gosto – qualidades que caracterizam o vestuário daqueles que desejam ser representantes do reino celestial.